6º Dia - O Desamparo e a Mulher Estrangeira
Sair do desamparo pelo corpo ir assimilando o corpo ossos firmes ossos todos em caminhada para a cidade de sol e garoa e vento ir construindo o bicho inteiro assim como Hugo constrói a sua casa ainda falta uns pedaços mas vai construindo até chegar na voz o adesivo do Bob Marley no ônibus Redemption Song songs of freedom 'cause all I ever had cantando em inglês para as montanhas...
Velhos piratas, sim, eles me roubaram
Me venderam para navios mercantes
Minutos depois de eles terem me tirado
Do poço sem fundo
Mas, minha mão foi fortalecida
Pela mão do Todo-Poderoso
Nós avançamos nessa geração
Triunfantemente
Você não vai me ajudar a cantar
Estas canções de liberdade?
Pois, tudo que eu sempre tenho
Canções de redenção
Canções de redenção
Libertem-se da escravidão mental
Ninguém além de nós mesmos pode libertar nossas mentes
Não tenha medo da energia atômica
Porque nenhum deles pode parar o tempo
Até quando vão matar nossos profetas
Enquanto nós permanecemos de lado, olhando?
Alguns dizem que isso faz parte
Nós temos que cumprir o Livro
Você não vai me ajudar a cantar
Estas canções de liberdade?
Pois, tudo que eu sempre tenho
Canções de redenção
Old pirates, yes, they rob I
Sold I to the merchant ships
Minutes after they took I
From the bottomless pit
But my hand was made strong
By the hand of the Almighty
We forward in this generation
Triumphantly
Won't you help to sing
These songs of freedom?
'Cause all I ever have
Redemption songs
Redemption songs
Emancipate yourselves from mental slavery
None but ourselves can free our minds
Have no fear for atomic energy
'Cause none of them can stop the time
How long shall they kill our prophets
While we stand aside and look? Ooh
Some say it's just a part of it
We've got to fulfill the Book
Won't you help to sing
These songs of freedom?
'Cause all I ever have
Redemption songs
Nessa noite, Hugo e eu ficamos longe um do corpo do outro a noite. E passei um frio como nunca tinha passado antes na vida. O lugar onde dormíamos não estava totalmente vedado, e o vento bateu forte. Percebi que precisava do calor do corpo dele por uma questão de sobrevivência, mamíferos que somos. Acordei com uma friagem horrorosa no corpo, acompanhada de uma tristeza fria e uma sensação de bicho desamparado no meio de todo aquele mato.
E precisávamos ir até a cidade porque a comida estava chegando ao fim. Caminhamos os três quilômetros até o povoado, mas ninguém ia para a cidade naquele dia. Era 8 de setembro, emenda de feriado da Independência. Seguimos caminhando pela estrada até conseguir uma carona.
Caminhamos por duas horas e meia no meio do vento frio da manhã. Num dado momento, precisei começar a cantar.
Quando chegamos em casa a noite, um rato tinha atacado os potes de comida. Hugo gritou forte: "Essa é a minha casa! Parece um acampamento, mas é a minha casa!", enquanto batia os potes no armário...